A Escola Edgar Lino da Silva
participou no dia 13/09/2015 da comemoração ao aniversário de 72 anos da
criação do antigo Territorio Federal, ocasião em que as escolas da rede pública
estadual e municipal do Estado do Amapá desfilaram com desenvoltura na Avenida
Ivaldo Veras (Sambódromo) com o tema “O Jeito Amapaense de Ser, as Identidades
que Encantam” representando a realidade cultural, social e economica dos 16
municipios do Estado do Amapá.
A Escola levou para Avenida os
alunos da 7ª e 8ª série representando o Municipio de Calçoene com o tema “ A
Lenda do Tarumã”.
“Dizem que, há muitos anos, às margens do Rio
Calçoene, havia uma pequena aldeia indígena. Era ali que vivia Ubiraci, curumim
conhecedor da fauna e da flora. Desde que nasceu, Ubiraci foi abençoado por
Tupã com o dom de falar com todos os animais, fossem eles da água, da terra ou
do ar, e com todas as árvores, desde as menores até as que cortavam as nuvens e
iam fazer sombra no reino de Tupã. Ubiraci conversava com os bichos e com as
árvores, contava-lhes histórias e sabia de tudo o que acontecia no mundo. E foi
assim que cresceu em plena harmonia com os elementos, filho da água, da terra e
do ar que era.
Um dia, Ubiraci caminhava pela floresta quando
descobriu a mais linda indiazinha que seus olhos já tinham visto. Seus cabelos
pareciam com as quedas-d’água que despontavam das pedras, onde, por tantas
vezes, sentou-se por horas a escutar os pássaros. Seus olhos assemelhavam-se ao
anil do céu. Seu rosto jovem lembrava brotos nascendo da terra, ainda
indomados. Suas mãos, mágicas, se tocavam o solo, desabrochavam sementes. Se
voltadas para o ar, controlavam as chuvas, os ventos e as tempestades. Se
apontadas para os rios, domavam as marés, as pororocas e as maresias. Ubiraci,
sem saber, havia se apaixonado pela Natureza.
Apaixonado, o índio passou a procurar sua amada por
toda parte. Com ajuda dos pássaros, subiu na nuvem mais alta na esperança de
vê-la entre os abençoados de Tupã. Vasculhou cada recanto da floresta e
acompanhou os peixes na imensidão dos rios, mas nunca voltou a rever sua alma
gêmea. Acompanhou a pororoca por entre troncos e barrancos, mas não voltou a
vê-la. No entanto, podia senti-la no canto dos pássaros, nas brisas da manhã,
na calidez da noite e no sussurro sereno das maresias.
Era tanta a paixão que sentia que Ubiraci se
esqueceu de conversar com as árvores, com os animais e com os filhos das águas.
O dom que recebeu de Tupã foi perdido para sempre. Ubiraci só se importava em
procurar pela amada, que julgava estar perdida em algum lugar do mundo. Ele não
entendia que a Natureza estava em todo lugar.
Uma noite, quando o mundo dormia, quando os cantos
dos pássaros haviam cessado e não se ouvia murmúrio algum no seio da floresta,
Ubiraci avistou a Lua, refletida na água. Imaginou que era naquele mundo que
sua amada vivia. Foi tanta a sua felicidade que se esqueceu de ter perdido seu
dom. Mergulhou no rio, mas quanto mais lutava contra a correnteza, mais parecia
que a Lua se afastava dele. Foi tanto o esforço que fez que as forças o abandonassem,
e Ubiraci sucumbiu à morte. Tupã, compadecido com tanto amor, pediu à Natureza
que transformasse Ubiraci em uma árvore, no meio do rio, para que fosse
lembrado para sempre. À noite, no entanto, quando a maré subia a árvore
estranhamente desprendia suas raízes do solo e navegava contra a correnteza.
Imaginando tratar-se de magia, seus irmãos índios cortaram a árvore, deixando
apenas o tronco, mas, mesmo assim, o mistério continuou, e eles, amedrontados,
deixaram o local, com medo do tarumã, que, na etimologia indígena, significa o
tronco que se move.
Os anos se passaram, Calçoene transformou-se em
cidade, mas muitas pessoas juram que, ainda nos dias de hoje, o tronco se move,
contra a correnteza, subindo o rio.
Dizem que, quando algum morador depara-se com um
amor impossível, faz promessa ao tarumã, deixando sobre ele algum presente ou
alguma oferenda. Se o tronco navegar rio acima e retornar vazio, o pedido será
realizado.” (Autor: Joseli
Dias – da obra Mitos e Lendas do Amapá)
A equipe técnica, grupo de
professores foram incansáveis para que tudo ocorresse de forma perfeita.
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